Entre as muitas entidades de classe que repudiaram o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou os servidores públicos a “parasitas”, a Associação dos Procuradores do Estado do Paraná e a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil divulgaram as notas reproduzidas abaixo. A afirmação de Guedes foi feita num evento promovido no dia 7 de fevereiro pela Fundação Getúlio Vargas.
Contra qualquer tentativa de destruição do Estado
Associação dos Procuradores do Estado do Paraná
O desconhecimento da administração é um dos maiores pecados do gestor público. As falas generalizantes são características dos mal informados, porque são descuidados ou porque agem de má-fé.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, pecou e mostrou-se mal informado ao tachar o funcionalismo público de parasitário. Sua fala revelou seu preconceito pobre de ideias e carente de seriedade. Seu desrespeito aos servidores públicos, de todas as áreas, de todas as pessoas federativas e de todas as competências, não pode ser considerado uma mera fala despreocupada. Mais se assemelha à tentativa de fazer ressurgir o instituto da ‘derrubada’, pelo qual cada governo que assume pode limpar a administração e defenestrar qualquer servidor público que não lhe agrade. Mais se parece com o recalque contra as camadas mais pobres da população, justo aquelas que mais dependem do Estado. Mais se compara com a tentativa de destruir a máquina que impede a apropriação do Estado pelo patrimonialismo de grupos políticos. Mais revela o intuito de combater o Estado impessoal e moldá-lo aos interesses de poderosos.
Trata-se de uma estratégia procedimental para esvaziar o Estado e colocá-lo a serviço de um governo. Entre a temporariedade de um governo e a perenidade do Estado, deve-se estar atento para manobras que buscam levar a opinião pública a postar-se contra prerrogativas – nunca privilégios – importantes para a efetivação de políticas públicas e manutenção do Estado de Direito. Estabilidade, irredutibilidade salarial, carga horária adequada podem coexistir com uma administração pública eficaz e eficiente. O que não pode existir é uma administração pública sujeita a governos, com qualquer matriz ideológica, de plantão.
A APEP não apenas repudia a fala do ministro da Economia e a injusta ofensa ao funcionalismo sério e sadio, mas repugna toda e qualquer tentativa de destruição do Estado, principal instrumento garantidor do cumprimento dos objetivos da República.
O discurso de Guedes é mentiroso
Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil
Diante das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou os servidores públicos a ‘parasitas’ durante um evento na Fundação Getúlio Vargas, no dia 7 de fevereiro, a Fasubra vem a público manifestar total repúdio ao discurso mentiroso, que mais uma vez tem como objetivo desqualificar as instituições públicas perante a sociedade brasileira.
Para defender sua proposta Guedes afirmou: ‘[…] O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático’, numa criticar ao reajuste anual de servidores públicos, o que, no caso das instituições públicas federais de ensino, não corresponde à realidade. Também afirmou que os servidores públicos ‘já têm como privilégio a estabilidade no emprego e aposentadoria generosa’. Mais uma inverdade do rentista!
A exemplo do que fez na reforma da Previdência, o ministro mais uma vez mente e, por onde passa, semeia ódio contra o servidor público. Desde que assumiu o Ministério, a política apresentada por Guedes tem sido de desmonte do Estado brasileiro de bem estar social. Para isso, propõe congelamento e redução de salários, fim de concursos públicos, venda do patrimônio e das riquezas do país. Guedes é subserviente ao capital estrangeiro e não descansará enquanto não destruir o Estado.
Os servidores públicos federais, estaduais e municipais desempenham um trabalho de vital importância para a sociedade e para o funcionamento da administração pública. É papel do Estado oferecer serviços de qualidade em áreas estratégicas como educação, saúde, justiça, segurança e transporte, e para tal é necessário ter servidores qualificados, com autonomia e valorizados para garantir o atendimento à população brasileira.
A Direção Nacional da Fasubra repudia veementemente as declarações do ministro Paulo Guedes, exige respeito a todos os servidores públicos do País e tomará todas as medidas cabíveis nos campos político e jurídico.